Linchamento é palavra que nasceu no século XIX, durante a guerra de Independência dos EUA. Na Virgínia, certo juiz, William Lynch, instaurou a execução sumária, sem julgamento regular. As vítimas? Negros e índios, na maior parte, inocentes. No século XXI, a sociedade nos ensina a não resistir. A nos submeter às regras por ela impostas. A negociar os conflitos e a considerar que as finalidades de uma sociedade são sobretudo aquelas de cada parte que a compõe. Nada mais incerto. Sobretudo quando se assiste a um linchamento. E, sobretudo, quando o agredido não consegue se fazer ouvir. Quando não consegue denunciar o caráter injusto e arbitrário das acusações que lhe são imputadas. Diferentemente da gritaria que cercava o linchamento no passado, o atual se faz sob o mais absoluto silêncio. Sob censura criada por uma autoridade velada. Silêncio de morte. Pois é hora de rompê-lo.
Maria de Lourdes Parreiras Horta dirigiu, por mais de 17 anos, o Museu Imperial de Petrópolis. Sob sua gestão, o MI foi recorde de visitação com cerca de 300.00 pessoas por ano, foi uma das 7 maravilhas do Rio de Janeiro à frente do Maracanã, criou programas de educação patrimonial e serviços de áudio-guides, sala de cinema, entre outros. Sublinhe-se que 50% da arrecadação de todo o IPHAN, incluindo os museus federais, vem de suas bilheterias que recolhem cerca de 1.500.000,00 por ano. Sem dúvida, o MI é âncora do turismo no estado do Rio.
Uma das razões pelas quais o MI se tornou referência foi à criação de uma Sociedade de Amigos, constituída por personalidades de renome internacional e grandes empresários do país. O SAMI não recebe um centavo de verba pública e a receita extraordinária de cerca de 1.000.000,00 por ano é aplicada na instituição sob controle rigoroso do Ministério da Justiça. Em 1999, graças a sua imagem, o MI recebeu a maior doação de um acervo particular ao acervo público da história do país: a Casa Geyer e sua “brasiliana”.
Misteriosamente, esta gestão de sucesso, reconhecida nacional e internacionalmente, começou a ser torpedeada a partir de VER. Desde então, denúncias anônimas pipocaram. Sem nenhuma fonte precisa, jorraram denúncias de irregularidades. Reportagens injuriosas e gratuitas encheram a mídia. Certa mentira deslavada sobre “o roubo das jóias da coroa imperial” correu o país. Ingênuos, os jornalistas sequer se perguntaram a quem podia interessar essa crucificação. Com apoio dos apressados, teve início um linchamento que chocou e pior, calou colegas, amigos e admiradores da direção. Reações? Uma lista com mais de mil assinaturas endereçadas ao ministro da Justiça, em busca de justiça. Resposta: silêncio.
“Nunca dantes neste país” se acusou tão injustamente um funcionário com décadas de dedicação ao serviço público. Os que o acusam, se protegem alimentando o mesmo silêncio. Indigno, ele é a marca de uma autoridade espúria que entende perpetuar seu modo de pensar, suprimindo toda a resistência em benefício do conformismo e da uniformidade. Anos de censura não desaparecem graças ao milagre da revolução democrática e a contemporaneidade inventou formas sinuosas de interdição. A pior delas, é a outra forma de silêncio: aquela que faz as pessoas se calarem diante de um auto-de-fé! Por isso mesmo, exigimos uma resposta: por que Maria de Lourdes Parreiras Horta está sendo linchada?
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
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Olá Rachid. Até hoje ñ entendi. Afinal, existe outro motivo que se esconde atrás da "coroa"? Abraço. Adua.
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