domingo, 10 de janeiro de 2010

Mangueira 2010

Pois bem ontem dia 09 de janeiro de 2010 fiz minha estréia na quadra do Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, escola de samba do primeiro grupo do Rio de Janeiro.
Até então eu sempre ouvira falar nas qualidades da escola tal e coisa e coisa e tal.
Tenho um amigo, Aluizio, membro efetivo da diretoria da escola e baluarte da Casa, que nos convidou gentilmente para seu camarote.
Fomos então em caravana para lá, sua esposa, filha, neta, amigos e amigas.
O entorno da escola, que não tem nada haver com isto, é deplorável, com uma enorme confusão de barracas, motos na contra mão e toda a sorte de dificuldades que sabemos bem, nós cariocas, que as comunidades passam.
Pena que o Choque de Ordem propagado pela Prefeitura de Cidade não chegou e provavelmente nunca chegará por lá, afinal mexer em vespeiro não dá votos futuros e o custo político é enorme, então o Poder Público finge que não sabe e se omite em mais esta função sua.
Mas, quero falar da Mangueira.
Entramos, Aluizio foi recepcionar-nos na porta e todos devidamente empulseirados para o camarote, sim eu fui de camarote VIP.
Ao entrar a quadra é enorme, quente como todas as outras, mas um calor bom, humano, alegre.
Mas daí toda uma diferença se fez ante meus olhos.
Já fui ao Salgueiro, já fui a Unidos da Tijuca, ainda na quadra antiga no sopé do morro do Borel e sou freqüentador não tão assíduo como poderia mas freqüento muito a Estácio de Sá.
Mas em nenhuma delas pude perceber o profissionalismo e o entusiasmo pelo nome da escola.
O peso da tradição se explicita a cada momento naquela quadra, sagrada para muitos.
De frente para o palco, antes de a bateria iniciar seus trabalhos, uma enorme bandeira, o pavilhão da escola com suas cores verde e rosa dando o tom principal do lugar.
A cima os camarotes da presidência, vip e demais.
Na quadra em si, mesas por todos os lados dando o conforto possível aos visitantes.
Na lateral da quadra uma surpresa, para mim, que me deixou extasiado com o senso de oportunidade.
Uma loja vendendo os produtos da escola de samba, desde camisetas a boné, chaveiros e CDs.
Nada melhor que aproveitar o momento de empolgação, de êxtase para arrecadar fundos, a loja, lotada em todos os momentos.
Há muito o carnaval deixou de ser uma festa simples e tornou-se um negócio que movimenta milhões de reais todo o ano e ao longo do ano todo, e cada centavo possível tem de ser cooptado. Ou seja, uma empresa como outra qualquer que tem de gerar lucro.
No caso do carnaval este lucro deve ou deveria ser transformado em mais qualidade e oferta de serviços da escola. E acredito que em sua grande maioria o é.
Em dado momento o Presidente da escola, Ivo Meireles, toma o microfone de seu camarote e dirige-se ao público agradecendo a presença de algumas pessoas famosas e obviamente a todos que lá estavam, mas o mais interessante foi a maneira fácil com que ele em alguns minutos fez com que toda a quadra cantasse uma musica desconhecida, fácil claro, mas com uma garra e uma paixão que acredito só mesmo o samba pode proporcionar.
Não o conheço, nem o conheci, mas acho que este diálogo entre o presidente da escola e o público que lá está fundamental e ainda mais, o diálogo entre ele e os membros da escola. Esta atitude além de trazer para si a responsabilidade administrativa trás o integrante da escola para o lado do dirigente, dando ainda mais empolgação à escola.
Pelo que vi ontem e com um samba, desta vez fazendo homenagens certas e não como outrora que se deixou em branco o centenário de Cartola, a escola tem tudo para dar o campeonato tão merecido e esperado a esta agremiação.
Eu, ainda sou Estácio, mas a Mangueira ganhou uma ponta de meu coração.

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